Em mais um capítulo de reconstrução do que foi destruído por Jair Bolsonaro, Lula condecorou, em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 12, professores, pesquisadores e entidades com a Ordem Nacional do Mérito Científico.
Entre os homenageados deste ano estão pesquisadores que tiveram a condecoração retirada, em 2021, pelo então presidente de extrema-direita.
O motivo? O trabalho desses dois cientistas contrariava as posições do governo.
Adele Benzaken, demitida do cargo de diretora do Departamento HIV/Aids no Ministério da Saúde após publicar uma cartilha sobre a prevenção de doenças para homens trans; e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, responsável por um dos primeiros estudos que apontou a ineficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19, em plena pandemia.
Naquele ano, outros 21 cientistas recusaram a indicação ao prêmio em protesto contra o governo que negava a ciência. Esses pesquisadores também serão homenageados por Lula.
Pois agora, “A Ciência Voltou!”.
Lula não só homenageou os cientistas rechaçados pelo ex-presidente inelegível, como, em discurso emocionante, fez questão de exaltar o papel da ciência.
“Foi por acreditar nesse caminho que, ainda em fevereiro, reajustamos as bolsas da Capes e do CNPq, que estavam congeladas desde 2013 e irão beneficiar 258 mil estudantes e pesquisadores da graduação. Por isso também, encaminhamos ao Congresso Nacional em março o Projeto de Lei que recompõe o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT. O projeto foi aprovado, e o fundo passou a contar com perto de R$ 10 bilhões de reais”, afirmou o presidente relembrando suas ações desde o início do mandato.
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Durante o evento também foi anunciada a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, o CCT – órgão responsável pela elaboração da política nacional do setor, em debate com a comunidade científica, sociedade e indústrias, desativado em 2018 -, e a convocação da 5a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para junho de 2024.
É uma reparação necessária. O que Brasil passou na pior pandemia do último século não pode ser esquecido.
Com o Palácio do Planalto repleto de PhDs, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, afirmou que a solenidade era também um “ato de desagravo à ciência e de reparação histórica aos cientistas, professores, professoras, médicos, pesquisadores e pesquisadoras, brasileiros e brasileiras que foram injustamente perseguidos e ameaçados por um governo anticiência e antivida”. O evento contou ainda com a presença de diversos ministros, entre eles Geraldo Alckmin, Marina Silva e Simone Tebet.
Outro homenageado foi o ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Magnus Osório Galvão, atual líder do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Doutor em física e professor aposentado da Universidade de São Paulo, Galvão é um dos cientistas mais respeitados do país, mas, ao divergir de Bolsonaro sobre os dados que mostraram alta do desmatamento na Amazônia, foi exonerado.
Nesse mesmo dia, compondo mais esse importante capítulo, ainda foi possível testemunhar o governo anunciar o fim das escola cívico-militares, inspiradas no período da ditadura militar, e a flexibilização de regras para pesquisadores bolsistas pela Capes, a principal agência de formação de pesquisadores de alto nível do país.
Saiba mais sobre a condecoração:
Criada em 1993, a Ordem Nacional do Mérito Científico presta uma homenagem a “personalidades nacionais e estrangeiras que se distinguiram por suas relevantes contribuições prestadas à Ciência, à Tecnologia e à Inovação”.